Resenha: Hell - Lolita Pille

Oi pessoal, hoje eu estava ''arrumando'' minha estante no skoob, e percebi que eu ainda não resenhei Hell, da Lolita Pille, autora meio rebelde, meio entediada, de escrita difícil e com livros sempre críticos e sarcásticos, que eu gosto bastante e aprendi a ''ler''. Então vi que não existem muitas resenhas sobre Hell, afinal ele não é o livro mais querido do mundo, e poucas pessoas conseguiram entender o que a autora quis passar ao escrever o livro. Mas eu vou me arriscar agora, e tentar resenhar essa quase biografia de Lolita Pille.

Sinopse: Esta obra, best-seller na França, faz um relato cínico da juventude parisiense do terceiro milênio. O livro é um misto de romance e relato confessional. A autora Lolita Pille é jovem, rica, usa drogas, gasta fortunas em roupas e causou muita polêmica ao lançá-lo . A protagonista é um alter ego da autora, despreza os que não pertencem ao meio e faz sexo como quem troca de roupa.

''Sou o símbolo manifesto da persistência do esquema marxista, a encarnação dos privilégios, os eflúvios inebriantes do Capitalismo. ''

Se você está procurando por um livro que tenha um enredo com começo, meio e fim, personagens cativantes, um exemplar final feliz, eu sugiro que nem se atreva a chegar perto de Hell. A autora, a jovem Lolita Pille, faz em seu livro uma dura crítica aos jovens parisienses, e a toda alta sociedade em que vive. Podemos dizer que Hell é um alter-ego de Lolita, que botou a cara a tapa e disse que apesar de adorar a vida cheia de dinheiro e glamour, ''eles'' não são as pessoas mais felizes do mundo. A escrita de Lolita é difícil, algumas vezes é necessário reler para poder entender o que ela realmente quis dizer, porque muitas vezes a pontuação não ajudava, não sei se por culpa da tradução, ou por Lolita escrever o livro sem freios, jogando no papel tudo que pensava e sem, em momento algum, controlar suas palavras.

Ella ou Elle, mas que prefere ser chama de Hell, é uma jovem parisiense de 18 anos que se denomina como o mais belo produto da geração think pink, o seu lema é: Seja Bela e Consumista. É extremamente rica, e diferente de qualquer pessoa que por um acaso leia o livro. Ela passa o dia passando esmalte nas unhas, indo a restaurantes incríveis, humilhando as atendentes nas lojas, e gastando toda a fortuna do papai. Ninguém vai se identificar com ela, e poucas vezes vai entende-la, pois nunca vi uma personagem tão controvérsia. O livro seria uma perca de tempo total, pois não tem nenhuma graça você torcer por uma garota rica, mimada, que vive de sexo e drogas, se não fosse pela crítica social que a autora faz, algumas vezes em de uma forma bem sarcástica. E pelo romance, sim pasmem, no meio dessa sociedade tão egoísta, existe um casal, problemático, mas um casal.

''A gente toma Prozac como vocês tomam Melhoral, a gente tem vontade de se suicidar a cada saque na conta do banco, porque é realmente vergonhoso quando se pensa que tem lugar onde crianças morrem de fome, isso enquanto a gente se entope de porcaria ao encher a cara. O peso da injustiça no mundo se escora em nossos ombros de alfenim de ex-crianças delicadas. Vocês... vocês são as vítimas disso tudo, mas a gente não pode censurá-los por isso.''

A verdade é que Hell está cansada da vida que leva, cansada de fumar demais, e sempre acha que sua vida é uma perca de tempo. Está perdida e sem rumo. E teve seu coração partido por B. Até que um dia ela descobre sobre a existência de Andrea, o cara mais bonito do 16ème, que nunca se deixa ser conquistado por nenhuma mulher. É como uma versão masculina de  Hell, e ao mesmo tempo seu oposto. E ela se apaixona perdidamente por ele.

''Logo eu que fugia do amor, que o fustigava sem parar. Isso por desconhecer a existência de Andrea. Nós somos a mesma alma em dois corpos e formamos, quando eles se unem, somente um. Fiquei sem sair durante seis meses. Sem nada beber e sem cheirar nada. Nenhuma ânsia. Eu me saciara devorando a pele dele, minha necessidade de esbórnia foi consumida na chama dos seus olhos.''

Os dois começam a se envolver em um relacionamento problemático, cheio de altos e baixos onde ambos fazem tudo que desejam, não respeitam a ninguém e  nem a si mesmo. Não é um romance cheio de flores e canções de amor, é um romance doído, e real, sem nenhuma poesia. O fim é trágico e a gente sofre junto com Hell que não conseguiu, nem com todo dinheiro do mundo, encontrar a felicidade. É com certeza, um livro pra ler com o twitter/facebook aberto, pois é cheio de frases de impacto!

''Encaro o futuro como uma eternidade de provações e fastio. Minha covardia me impede de pôr fim aos meus dias. Vou continuar a sair, a cheirar, a beber e a perseguir os babacas. Até que eu morra. A humanidade sofre. E eu sofro com ela.'' 

Título Original: HELL – PARIS – 75016
Autor: Lolita Pille
Data de Publicação: 2003
Número de Páginas: 205
Editora: Intrínseca